Rafting no Rio Urique (Chihuahua)

Pin
Send
Share
Send

Nossa expedição, formada por oito companheiros, começou em um sábado. Com a ajuda de quatro Tarahumara, carregamos as duas jangadas e o equipamento necessário, e descemos os estreitos caminhos para chegar ao próximo povoado, um local onde nossos amigos carregadores nos acompanhariam, pois ali poderíamos buscar feras e mais gente que nos ajudaria. continue nossa aventura.

Nossa expedição, formada por oito companheiros, começou em um sábado. Com a ajuda de quatro tarahumara, carregamos as duas jangadas e o equipamento necessário, e descemos os estreitos caminhos para chegar ao próximo povoado, local onde nossos amigos carregadores nos acompanhariam, pois ali poderíamos pegar feras e mais gente que nos ajudaria. continue nossa aventura.

A estrada era linda; a princípio a vegetação era arborizada, mas à medida que descíamos a paisagem tornava-se mais árida. Depois de caminhar algumas horas e admirar os intermináveis ​​cânions por onde passamos, chegamos à cidade que acabou se revelando uma única casa. Lá, um homem amigável chamado Grutencio nos ofereceu algumas laranjas suculentas e refrescantes, e ele conseguiu dois carregadores e dois burritos para nos ajudar a continuar nossa descida. Continuamos subindo e descendo caminhos que abriam caminho nas montanhas, perdemos a noção do tempo e a noite caiu. A lua cheia apareceu entre as colinas, iluminando-nos com tanta força que nossas sombras se alongaram, pintando uma grande mancha na estrada que estávamos deixando para trás. Quando estávamos prestes a desistir e decididos a pernoitar na acidentada estrada, fomos surpreendidos pelo majestoso som do rio que anunciava a sua proximidade. No entanto, ainda caminhamos mais de uma hora até finalmente chegarmos às margens do Urique. Ao chegar, tiramos as botas para mergulhar os pés na areia fresca, preparar um bom jantar e dormir profundamente.

O dia chegou até nós com os raios quentes do sol da manhã, que revelavam a clareza das águas do rio em que navegaríamos nos próximos cinco dias. Acordamos com um delicioso café da manhã, desempacotamos e inflamos as duas balas, e nos preparamos para partir. A empolgação do grupo era contagiante. Estava um pouco nervoso porque era a minha primeira descida, mas a vontade de descobrir o que nos esperava venceu o meu medo.

O rio não carregava muita água então em alguns trechos tivemos que descer e arrastar as jangadas, mas apesar do enorme esforço, todos nós aproveitamos cada momento deste lugar fascinante. A água verde esmeralda e as enormes paredes avermelhadas que margeiam o rio, contrastam com o azul do céu. Eu me sentia realmente pequeno perto daquela natureza majestosa e imponente.

Quando nos aproximamos de uma das primeiras corredeiras, a expedição guia. Waldemar Franco e Alfonso de la Parrra, nos deram instruções para manobrar as jangadas. O barulho da água caindo ladeira abaixo me fez estremecer, mas só podíamos continuar remando. Sem perceber, a jangada colidiu com uma pedra e começamos a virar enquanto a correnteza nos arrastava para baixo. Entramos na corredeira de costas, gritos foram ouvidos e toda a equipe caiu na água. Quando saímos do mergulho, nos viramos para nos ver e não conseguimos controlar nossas risadas nervosas. Entramos na jangada e não paramos de discutir o que tinha acontecido até que nossa adrenalina baixou um pouco.

Depois de navegar por cinco horas em que vivemos grandes momentos de emoção, paramos na margem de um rio para matar a fome. Tiramos nosso “grande” banquete: um punhado de frutas secas e meia barra de energia (para o caso de ficarmos com vontade), e descansamos uma hora para continuar navegando nas águas imprevisíveis do Rio Urique. Às seis horas da tarde, começamos a procurar um lugar confortável para acampar, fazer um bom jantar e dormir sob um céu estrelado.

Só no terceiro dia do passeio as montanhas começaram a se abrir e vimos o primeiro ser humano que não pertencia à expedição: um Tarahumara chamado Don Jaspiano que nos informou que faltavam ainda dois dias para chegar à cidade de Urique, onde estávamos planejando terminar nossa viagem. Don Jaspiano gentilmente nos convidou a sua casa para comer feijão e tortilhas feitos na hora e, claro, depois de tanto tempo tentando apenas nossa comida desidratada (sopas instantâneas e aveia), entramos no saboroso feijão com uma alegria singular, embora lamentemos demos à noite!

No quinto dia de viagem chegamos ao povoado de Guadalupe Coronado, onde paramos em uma praia. A poucos metros de onde instalamos o acampamento morava a família de Dom Roberto Portillo Gamboa. Para nossa sorte foi a Quinta-feira Santa, dia em que começam as festividades da Semana Santa e toda a cidade se reúne para rezar e demonstrar a sua fé com danças e cantos. Dona Julia de Portillo Gamboa e seus filhos nos convidaram para a festa e, apesar do cansaço, fomos porque não podíamos perder esta cerimônia fascinante. Quando chegamos, a festa já havia começado. Ao observar todas aquelas sombras humanas que corriam de um lado a outro carregando os santos nos ombros, ouvindo gritos repentinos e dispersos, batidas constantes e murmúrios de orações, fui transportado para outro tempo. Foi incrível e mágico poder presenciar uma cerimônia desta magnitude, desta antiguidade. Estando entre as mulheres Tarahumara vestidas com saias longas de mil cores, os homens de branco com a fita amarrada na cintura, foram verdadeiramente transportados para outro tempo e espaço que o povo de Guadalupe Coronado compartilhou conosco.

De madrugada arrumamos o equipamento e enquanto os homens procuravam transporte terrestre para ir a Urique, Elisa e eu visitamos a família Portillo Gamboa. Tomamos café com eles café com leite fresco, pão caseiro quentinho e, claro, eles não podiam faltar os deliciosos grãos com tortilhas. Dona Julia deu-nos uma pequena capirotada, uma deliciosa sobremesa composta por vários ingredientes como açúcar mascavo, compota de maçã, amendoim, banana, nozes, passas e pão, que é preparada para as festas da Páscoa; Tiramos fotos de toda a família e nos despedimos.

Saímos do rio, colocamos o equipamento em um caminhão e chegamos a Urique em menos de um galo canta. Caminhamos pela única rua da cidade e procuramos um lugar para comer e ficar. Curiosamente, não houve quartos disponíveis, talvez devido às festividades que se realizaram nas cidades vizinhas e ao grande “baile” que se preparou na Praça de Urique. Depois do almoço nos informaram que “El Gringo” alugou seu jardim aos campistas, então fomos vê-lo e por três pesos montamos as tendas entre os longos pastos e outras variedades de plantas. O cansaço nos fez tirar uma longa soneca e quando acordamos já estava escuro. Descemos a "rua" e Urique já foi povoado. Barracas de milho, batata com molho de valentina, sorvete caseiro, crianças por toda parte e caminhões que cruzavam a ruazinha de um lado para o outro, levantando e abaixando pessoas de todas as idades que davam o “papel”. Rapidamente nos acomodamos, conhecemos gente muito simpática, dançamos as norteñas e bebemos tesgüino, um licor de milho fermentado típico da região.

Às sete horas da manhã do dia seguinte, passou por nós uma van que nos levaria a Bahuichivo, onde pegaríamos o trem Chihuahua-Pacífico.

Deixamos o coração das montanhas para chegar a Creel depois do meio-dia. Descansamos em um hotel, onde depois de seis dias pudemos tomar banho com água quente, saímos para jantar e nosso dia terminou em um colchão macio. Pela manhã nos preparamos para deixar Creel no mesmo caminhão da empresa Río y Montaña Expediciones que nos levaria ao México. No caminho de volta tive muito tempo para organizar meus pensamentos e perceber que todas aquelas experiências mudaram algo em mim; Conheci pessoas e lugares que me ensinaram o valor e a grandeza das coisas do dia a dia, de tudo que nos rodeia, e raramente temos tempo para admirar.

Fonte: Desconhecido México No. 219 / maio de 1995

Pin
Send
Share
Send

Vídeo: URIQUE CHIHUAHUA RIO DE URIQUE.mpg (Pode 2024).